Reprovação de alunos com transtornos que impactam na aprendizagem é mesmo necessária?
A reprovação de alunos é um assunto sempre delicado, mas que precisa ser debatido no contexto escolar, principalmente, quando falamos de alunos com transtornos que impactam no processo de aprendizagem, como dislexia, discalculia, TDAH e distúrbios de ansiedade.
Além do atraso na formação do aluno, cursar novamente o mesmo ano pode trazer sentimentos de inferioridade e abalar a autoestima e a autoconfiança. O questionamento quanto à própria capacidade, inclusive, terá reflexos em piores desempenhos, acentuando o quadro geral de desânimo em relação ao processo de estudo.
Será que a reprovação é mesmo um processo necessário?
Entendemos o processo ensino-aprendizagem a partir de uma visão sistêmica em que estamos (professores e equipe docente) tão implicados quanto os alunos. “Não há fracasso de um só lado. Estamos focados e interessados nas competências e nas possibilidades de cada estudante e com esta informação propomos um programa curricular que contemple suas necessidades”, diz Elizabeth Polity, diretora do Colégio Winnicott.
Para ela, não é justo, portanto, que apenas um dos lados seja implicado. “Dada a natureza de nosso trabalho – de atender alunos com um ritmo diferente na aprendizagem –, a reprovação escolar não encontra eco em nossa forma de organizar o ensino”, complementa.
Avaliação constante e processual evita reprovação
Uma reprovação não ocorre de um dia para o outro. O aluno, por meio de suas respostas, interações e avaliações vai dando sinais com o passar do tempo de que o aprendizado não foi assimilado como deveria ter sido. É um processo que se desenrola por meses, mas que pode receber intervenções que alterem suas configurações e seus resultados.
Este processo deve ser acompanhado de perto pelo educador, pois ele será a bússola que orientará se o caminho está certo e quais correções precisam ser feitas para atingir a meta. “Desta perspectiva, não se pode punir o aluno pelo seu desempenho ou propor que ele seja retido para fazer novamente o ano letivo, quando o que se faz necessário é que nós façamos diferente”, argumenta.
Claro que esse modo de pensar se encaixa com a proposta do Colégio Winnicott, visto que prestamos um ensino individualizado e focado nos alunos com necessidades especiais de aprendizagem. Mas nossa metodologia não tem a pretensão de ser aplicável a todas as instituições. Cada qual deve ser coerente com sua filosofia e com a maneira como pensam seus educadores.
Por fim, pais que temem a reprovação de alunos com dificuldades de aprendizagem provenientes de questões de neurodesenvolvimento ou da área emocional encontram na educação baseada no Construtivismo uma opção interessante tanto para dar tranquilidade à criança como para buscar no corpo docente respostas para seus questionamentos.
Acolher alunos que possuem um ritmo diferente na aprendizagem pressupõe que se despenda atenção individualizada por meio de atividades lúdicas e avaliações constantes para a análise do caminho até as metas determinadas. Esse acompanhamento mais próximo facilita eventuais correções de rumos, tornando a reprovação desnecessária.